13 março 2015

Sobre as Manifestações do Dia 15 de Março

Sobre as manifestações do dia 15, assunto em voga mas que pouco me interessa, apenas reproduzo texto bastante pertinente, escrito por Marcus Bau Brandão, professor de Geografia do Centro Educacional Sigma de Brasília:


- o movimento (pelo menos em sua maior parte) defende o impeachment, que não tem base, conforme externado na mídia por renomados juristas;



- já tinha comentado com meus alunos no ano passado que qualquer que fosse o presidente eleito, a recessão seria pesada, aliás, pesadíssima; ... as tão faladas reformas se arrastam e não saem do discurso...;


- a manifestação está sendo convocada por grupos de internet ultra-conservadores e pobres de conteúdo como: MBL (se diz mega-liberal e defende abertamente o impeachment), revoltados on line (criado por um acéfalo, de 19 anos, que em outras manifestações andou defendendo intervenção militar), vem pra rua (apoiou abertamente Aécio/PSDB nas eleições); portanto, esses grupos de internet contam com a pura emoção e a falta de informação da 'manada de gente' ou a chamada 'massa de manobra' que está descontente com o governo;


- não nutro simpatia pela política vigente (modelo falido de lados: esquerda, direita e centro), não me agrada o fundamentalismo religioso crescente da bancada de coalizão evangélica, preocupa-me a violência contra os homossexuais e também estou extremamente descontente com a corrupção, mas, quanto à esta, base temática desse tópico, saiba que ela sempre existiu... Lembro-me na época que estava fazendo mestrado - e pesquisando no Arquivo Público da Bahia - li documentos dos séculos XVII a XIX, que já denunciavam propina entre agentes públicos... Não sei se a tese atual do empresário Ricardo Semler é verdadeira ("nunca se roubou tão pouco nesse país"), mas sei que ainda não abriram a caixa preta da mega corrupção acontecida na ditadura militar (essa alguém tem que pesquisar; o rombo que, inclusive, contribuiu para uma dívida externa impagável) e também sei dos governos corruptos e catastróficos de Sarney e Collor (os piores que o Brasil já teve), assim como os US$ 84 bilhões roubados, entre 1996 e 2002, nas contas CC5 durante o governo FHC (coincidência, pois, na Petrobras, de 2003 até agora roubaram uns US$ 86 bilhões) e do engavetamento da maioria dos casos de corrupção pelo procurador Geraldo Brindeiro. Mais recente, o trensalão do PSDB de São Paulo roubou mais de R$ 300 milhões (coincidência de novo, pois foi quase o mesmo valor do mensalão de Lula e sua corja - R$ 350 milhões).


- sei que a resposta dos petistas em cima dos ganhos sociais para se defender não cola mais, pois o que foi conquistado com o maior programa, que é o Bolsa Família, não se perderá mesmo se a oposição vencer eleições futuras, porém, fazer oposição e combater esse congresso corrupto não é significância que sairei na rua defendendo insanidades anti-democráticas de arrancar do poder quem foi eleito democraticamente, sem uma base jurídica sólida, pois estudei história o suficiente para saber que foi a partir de revoltas tipo essa que fizeram ascender, por exemplo, o conservadorismo da marcha com Deus pela liberdade em 1964 (hoje é remota a possibilidade, mas um dos "organizadores" da manifestação afirmou que a marcha é da família (?)).


- não acredito na classe média. Acredito sim, sem querer generalizar, que boa parte dela (teclei 'boa parte!') nutre um ódio do governo pela perda de privilégios, acontecida devido à ascensão dos pobres (portanto, discordo da ótima entrevista dada à Folha por Luis Carlos Bresser Pereira, só quando ele afirma que os ricos nutrem ódio dos pobres - o ódio é da perda de vários privilégios), pois essa parte dela sempre gostou de estar na casta mais superior da luta de classes, mas não tem como mudar para Miami como os verdadeiramente ricos, aqueles que fazem realmente parte da elite - em tempo, estes últimos perfazem 1% da população e não batem panela, pois nos governos petistas ficaram mais ricos, claro, os que não mudaram para Miami;


- acredito que o que está aí pode ficar pior se as estratégias da rua também se mostrarem errôneas. O pior é que estão se mostrando.

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